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quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

PORTO

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© João Menéres


Entre o sono e o sonho,
Entre mim e o que em mim
É o quem eu me suponho,
Corre um rio sem fim.

Passou por outras margens,
Diversas mais além,
Naquelas várias viagens
Que todo o rio tem.

Chegou onde hoje habito
A casa que hoje sou.
Passa, se eu me medito;
Se desperto, passou.

E quem me sinto e morre
No que me liga a mim
Dorme onde o rio corre--
Esse rio sem fim.


(Fernando Pessoa, datada de 11 de Setembro de 1933)